02 May
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Produção faz parte da DC Comics e acompanha Sonho (Tom Sturridge) um dos perpétuos que compõem a natureza vital humana. Para quem não é familiarizado com esta história, Gaiman narra uma jornada curiosa: o perpétuo em questão se vê preso numa armadilha ardilosa empreendida por um humano, Roderick Burgess (Charles Dance). A nova adaptação da Netflix nos coloca exatamente neste ponto e, num salto muito bem traduzido, já nos lança séculos depois, com Sonho se libertando desta prisão. Ao escapar, o Perpétuo inicia sua jornada na qual precisa recuperar seu reino, seus poderes e seu prestígio entre os perpétuos. 

Entre semelhanças e divergências com as HQs, a produção televisiva respeita a originalidade de cada personagem. Quando aparecem em tela Coríntio (Boyd Holbrook) e Desejo (Mason Alexander Park), vemos que na adaptação eles ganharam um lugar mais de antagonistas, meio que os vilões de Sonho. O Perpétuo Morte (Kirby Howell-Baptiste) é quem rouba a cena nas poucas vezes em que aparece nesta primeira temporada. Apesar do grande sucesso de atuações, Sandman ainda precisa se esforçar mais para conquistar seu lugar no Emmy


A magnitude de Gwendoline Christie: Lúcifer Estrela da Manhã 

Ver Lúcifer na pele de Gwendoline Christie é um ato nosso, de reverência. Sem exageros, os telespectadores sentem o desejo de se curvar diante da magnitude daquele ser, o Rei do Inferno. Que atuação! Christie se revela audaz, forte, temerosa e sem receios de propor o pior e o maldoso. A batalha entre Lúcifer e o Rei dos Sonhos é algo de encher os olhos. A qualidade fotográfica e os cenários é incomparável às outras tentativas de adaptação das obras de Gaiman. Constantine (Johanna Coleman) também é outro destaque magistral que não passa despercebido de nossa reverência. 

A ida de Morpheus, o Rei dos Sonhos ao inferno é que revela qual é o centro da narrativa: Morpheus precisa recuperar seus itens mágicos afim de restabelecer a ordem e recuperar seu lugar entre os reinos dos perpétuos. Uma missão que pode dificultar o futuro da série, caso o roteiro não saiba introduzir novas e coadjuvantes narrativas. Mostrar apenas como os Perpétuos se comportam pode não interessar o público por muito tempo ou por mais temporadas. Mas as relações, o comportamento do mundo diante dos desejos, sonhos, amores, invejas, ambições, pode interessar, quem sabe. 


Entre tantas qualidades, os poucos desacertos 

Há ainda os que criticam a obra quando encontram algumas disparidades com o visual e as cores. Há muita fumaça, muitos tons escuros, mas, nada se compara com a tragédia que acompanhamos em GoT. Depois de quase 40 anos do sucesso das HQs, esta é a primeira adaptação para a TV com originalidade e respeito à obra. Não obstante, Gaiman acompanhou e trabalhou junto aos roteiristas para garantir tal qualidade narrativa. 

Por fim, como afirmamos, mesmo que este seja o centro das HQs, apenas acompanhar Morpheus em sua jornada pela busca de seus itens pode não ser o bastante para conquistar o público nas próximas temporadas. Houve dificuldades para a renovação de um segundo ano, mesmo com o alto índice de interesse do público no streaming. Sandman é uma história original e muito bem escrita. Criada e idealizada por uma mente de respeito e que conquista seu próprio público até hoje. Queiramos nós que esta mesma conquista possa ser acompanhada com suas histórias contadas em outros formatos como este.




Por Dione Afonso  |  Jornalista


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