08 Aug
08Aug

PATERNIDADE

Essas comemorações personalizadas jogadas no nosso calendário anual sempre se voltam a uma figura homenageada ou de grande reconhecimento e prestígio em tempos vindouros de nosso planeta. Temperamentos, feitos heroicos, relações políticas, transformações econômicas e sociais... não importa a relação que constroem... um feito que se destaca e crava um marco no calendário registra na história uma identidade cultural.

Hoje é um daqueles dias que se recorda um desses feitos. A agenda chama de Dia dos Pais. Mesmo para aqueles que ainda não prestaram suas homenagens, não conversaram com seus antepassados, não ligaram, não demonstraram seu afeto... não deixem de fazê-lo.

Agora, no fim da noite, uma frase de Ivone Boechat me falou muito forte, mesmo desconhecendo o contexto da expressão, eu sei que é um perigo, mas é significativa: "um pai não morre; apenas corre na nossa frente". A expressão arranca lágrimas de nós. E como ele corre na nossa frente. Preocupa-se com o caminho que deixam; se importam com as pegadas tatuadas pela estrada. Alguns não só correm; voam, outros são mais calmos, andam, as vezes até engatinham... diminuem a velocidade dos passos e sabe porque? Porque, não importa as condições ou a situação atual: eles sempre têm consciência de quem está o seguindo, nunca se esquecem de quem está se esforçando para acompanhar seus passos. E, as vezes, para andar do lado dos filhos, é preciso diminuir os passos, outros, é preciso andar mais rápido... mas sempre, é necessário que andem na frente... Na frente, mas nunca ausentes.

Hoje não falei com meu pai. As vezes as conexões digitais não contribuem a nosso favor. Mas sei que ele está andando na frente. Agora ele está mais devagar. Talvez não esteja calmo (seu nível de estresse não o permite, rsrs), mas está construindo seus passos com mais tranquilidade. A idade, o físico, o peso do trabalho manual, as rugas no corpo... vão se tornando marcas. Marcas de orgulho sendo deixadas em seu caminho. Se cuida meu pai. E saiba que eu sempre estou aqui... seguindo os seus passos. Cada um de nós no seu ritmo. 

Ah! E quanto a foto. Bolinhas de gude. A Internet as conhece como bolinhas de vidro. Uma imagem simples, mas que resume experiências de uma infância livre, bonita e que me traz lembranças ímpares...Mas ainda há aqueles pais que insistem em nos dar a mão e caminhar ao nosso lado, mesmo sabendo que seguiremos seus passos. E, brincar com ele é fantástico! Jogar bolinhas de gude no terreiro de terra da nossa casa há vinte anos,levando em conta o tempo duro que vivíamos naquela época foi incrível. Disputávamos o quanto de bolinhas cada um colecionava, e das mais coloridas que encontrávamos.

Saudades de brincar de bolinhas de gude!




Por Dione Afonso  |  Jornalismo PUC Minas

08 de agosto de 2021

Foto: Reprodução/Imagem de Melly95 via Pixabay.

Comentários
* O e-mail não será publicado no site.