16 Jan
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Halina Reijin é uma cineasta holandesa, cujo sua filmografia encontra-se em construção. Em 2019, ficou nos holofotes com seu longa Instinto e em 2022 ela lançou o terror Morte, Morte, Morte. Agora, ela nos chega com Babygirl, um trabalho que a está dando destaque nas premiações e que se encontra na corrida por uma vaga no Oscar. Reijin parece se identificar e se interessar por um tema em comum em suas obras: relações de poder. Relações estas que sempre são protagonizadas por mulheres. Mulheres que não passam despercebidas pela sociedade e que podem mudar o rumo da situação se assim elas desejarem. O cinema de Reijin é interessante e a diretora holandesa no auge dos seus 49 anos pode preencher uma vaga nesta seara cinematográfica que este século está construindo. 

Babygirl foi vendido como um thriller erótico. Navegando entre seus pontos cômicos e dramáticos, a história é pouco convincente. Nicole Kidman dá vida a Romy, uma CEO de sucesso que comanda uma loja de robôs tecnológicos. Kidman é quem abre a primeira cena do filme quando sua personagem finge orgasmo com o atual marido vivido por Antonio Bandeiras, Jacob, um dramaturgo. O erotismo, o sexo, o prazer, a cama e a paixão já se evidenciam no início desta história, e tudo parece seguir seu fluxo natural se não fosse a chegada do estagiário Samuel vivido por Harris Dickinson, com quem Romy começa a sentir outro tipo de atração e de desejo. O filme narra a relação de poder que Samuel exerce sobre Romy numa submissão sexual em que por mais poderosa que Romy seja, ali ela não passa de uma “babygirl”. 


Pouca história para muito tempo de tela 

Gostamos do que Reijin vem construindo como diretora e produtora. Uma cineasta que tem talento e que almeja algo maior nesta estrada cinematográfica. Contudo, o que vemos em Babygirl não passa de uma história breve e que não se ancora em nenhum aspecto concreto que garanta sua existência. Infelizmente o que vemos é o reafirmar de um estereótipo feminino sexualizado na personagem de Romy quando esta se entrega aos prazeres sórdidos e doentios do jovem Samuel. Claro que há o fato de Romy ser um aesposa fiel, mulher madura, com anos num casamento em que não se satisfaz ou que seu marido não sabe como satisfaze-la. Mas, nem por isso, o rumo do roteiro poderia ter sido tão baixo como o foi. 

As atuações de Kidman e Dickinson tem sido elogiada pelas cerimônias de premiação. Ela é uma mulher de destaque, uma atriz exemplar e ele é um jovem artista que tem feito bem seus papeis nas telas. As boas atuações dos dois não seguram o brilho que o filme precisaria de ter para que sua relevância fosse notada. Muita coisa neste filme não faz sentido, nem mesmo todo o fogo e tesão que os personagens sentem. A metalinguagem que se é empregada no fato de uma mulher que ocupa lugar de poder se submeter entre quatro paredes pode funcionar quando a mensagem que o filme deseja passar é a do abuso do homem sobre a existência feminina. Infelizmente não é este o objetivo do filme de Reijin, talvez, ela tenha perdido uma grande chance de dar esta volta por cima. 

Enfim, Babygirl está aí. Fazendo sucesso, e entregando muitas cenas quentes para que possamos nos deleitar – e por que não... – a bel prazer num jogo de sedução, submissão e de poder.




Por Dione Afonso  |  Jornalista

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