03 Feb
03Feb

A primeira temporada que adapta a mitologia grega infanto-juvenil de Rick Riordan chegou ao fim, e, apesar de boas atuações, fidelidade com os livros e fotografia impecável; o decorrer dos fatos não agradou. Walker Scobell nos convence, e muito como o pequeno Percy. Os dois primeiros episódios servem de uma perfeita e bem feita introdução ao o que é, de fato, o mundo criado pelo escritor norte-americano. Inseridos com suas devidas explicações, o campo dos meio-sangue e as tarefas e seleções de cada jovem prodígio e suas escolhas, agora é hora de mergulharmos neste universo que muito tem a nos mostrar. O solo está pronto para que a amizade do trio montado por Percy, Grover (Aryan Simhadri) e Annabeth (Leah Jeffries) cresça e se firme numa narrativa sólida e bem feita. 

As caracterizações de Lance Reddick como Zeus, Jason Mantzoukas como o deus Dionísio e de Jessica Parker Kennedy como Medusa estão de tirar o fôlego, assim como a impecável Alecto de Megan Mullally. Suzanne Cryer deu vida à Equidna; Adam Copeland é Ares; Timothy Omundson é Hefesto; Lin Manuel-Miranda é Hermes e Toby Stephens é Poseidon, pai de Percy. Elenco de milhões, contudo, infelizmente, a narrativa se apresentou apressada demais, e, ao mesmo tempo, lenta, sem possibilitar qualquer tipo de conexão nossa com os personagens e sem o desenvolvimento suficiente de cada narrativa. 


Há muito carisma do trio protagonista 

Percebe-se que desde o meio da temporada, Jeffries tem se destacado em sua atuação. Não afirmamos que Scobell não tem sido um bom Percy, contudo, sua atuação não o colocou muito nos holofotes da série. Claro que o embate final entre ele e Ares e a chegada de Poseidon, foi uma cena muito bem feita e encenada, porém, Jeffries desenvolveu com a antagonista Equidna, perfeitos diálogos e de um terror psicológico impressionantes. Scobell, que precisava ser um Percy Jackson mais amedrontado, ou com mais estima, coragem e ousadia, acabou nos entregando um garoto com muito medo e sua atuação foi seguindo o fluxo. Sua cena no fundo do rio não é boa e não nos deixou aquele gosto de “quero ver mais disso”, pelo contrário, dá pra ficar decepcionado. 

Jeffries rouba a cena e isso não é ruim, mas, infelizmente, por ser uma co-protagonista, acaba que perdendo um pouco o foco, afim de seguir o roteiro da história. A série começa a ficar um pouco lenta e cansativa, não entregando 100% daquilo que esperamos assistir. Um problema também se destaca com a fotografia, planos fechados demais, e detalhados estão dando a sensação de que uma gama de quadros e acontecimentos estão ficando fora.

 A sensação que temos é que está faltando ritmo; faltando fala; tudo está resumido demais; lento demais (e, ao mesmo tempo, acontecendo rápido demais). Falta dinamismo, falta potência, falta criar aquele arco em que nós consigamos nos importar com o que está acontecendo e com os perigos que esta história está disposta a nos revelar. 


Narrativa e dinamismo se perdem 

A apresentação do deus Ares, o deus da guerra, do caos... foi um ato criativo e muito bom tê-lo colocado em contato com um smartphone tuitando discursos de ódio, evocando discussões e brigas nas redes sociais. Contudo, isso durou pouco. Ares, como qualquer outro personagem que apareceu em outros momentos (neste episódio também tivemos o maravilhoso Omundson como Hefesto) não se conectaram com a narrativa central. A sequência com os outros episódios a sensação que aflora é aquela comum em qualquer outra série que promete nos entregar temporadas sequenciais: INTRODUTÓRIA. Portanto, que essa introdução consiga fazer valer a pena a sequência de Percy Jackson e Os Olimpianos

De fato, tem sido a similaridade e fidelidade aos livros de Rick Riordan que impressionam e deixa o coração dos fãs agradecido. Scobell; Jeffries e Simhadri representaram muito bem o seu protagonista nesta primeira temporada. Toda aquela lentidão e falta de profundidade com os personagens pode ter sido recompensada com a cena do trio na Casa de Apostas do Hotel Lotus. Vemos o que que a amizade de Percy, Annabeth e Grover irá representar nesta longa jornada que pode ter suas sequências, mas não, só, que poderá ditar os rumos das próximas aventuras. 

Destaque especial para o nosso querido e maravilhoso Lin Manuel-Miranda que deu vida ao deus Hermes, o Mensageiro. Sagaz, carismático e muito bem colocado, Hermes se coloca nem como vilão e nem como amiguinho bonzinho e sua falta de senso e ética (sobretudo com o tempo) é magnífico e nos deixou bastante felizes. Afirmamos, mais uma vez, que a temporada ainda insiste e introduzir uma leva de personagens (muito bons, aliás) que não recebem a chance de se aprofundarem. Contudo, o roteiro, os diálogos e as atuações continuam muito bons!




Por Dione Afonso  |  Jornalista

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