12 Jan
12Jan

Com James Gunn à frente dos trabalhos da DC Studios, e com o novo Superman à vista e as filmagens da Supergirl em andamento, Comando das Criaturas inaugura esta nova era de heróis... ou não. Num gênero que já se encontra bastante saturado e sem muita inovação para nos dar, o universo dos heróis no audiovisual parece não estar encontrando a atenção de seu público. Não que eles não façam mais sucesso. Há uma boa porcentagem, sobretudo de amantes das HQs, e daqueles que ainda ligam a TV ou seus smartphones em busca de alguma história deste tipo. De um jeito ou de outro, ainda há o que se explorar nestes personagens e em suas narrativas. Gunn apresenta, neste cenário, a esperança de que conseguirá trazer este novo... ou... como estamos avaliando, um novo que é antigo, mas que está se fazendo novo. Voltar às fontes originais, às cores berrantes, ao senso do incomum – como a cueca por cima do uniforme – parece estar agradando. 

Comando das Criaturas, em sua primeira temporada foca na vilã Circe [Anya Chalotra] que planeja matar uma futura rainha que ameaça o destino do mundo. Sem perspectivas e sem saída, Amanda Waller, ao lado de Rick Flag reúne um grupo de inumanos incomuns e bem inconvenientes com a missão de deter a maga. Dr. Fósforo; A Noiva de Frankestein; Nina; Robô Recruta e a nossa já famosa Doninha aceitam a tarefa. Flag, que os lidera, precisa encontrar o equilíbrio num grupo de desajustados vilões que foram capturados dando a eles uma missão de bondade. Parece que já ouvimos esta história, não? Sim. É um pouco parecido com o que vimos em Esquadrão Suicida. A série animação é curtinha, com narrativas diretas e cada um dos episódios nos leva à narrativa central, mas sempre focando no passado e “criação” de cada personagem. 


De volta às cores 

Tudo muito bem colorido, original, fantasioso e com aquela trilha sonora que só Gunn sabe nos proporcionar, a primeira temporada consegue equilibrar nostalgia e novidade. A nova DC encontra nesta abertura um caos que talvez nos seja incomum. Contudo, a bagunça encontra sua organização e a narrativa nos fornece algo mais prazeroso de se encontrar. David Harbour que dá voz ao Frankestein é uma figura que, mesmo estando em segundo plano em toda a narrativa, o coadjuvante encontra sua redenção e seu momento de tela que faz toda a diferença. Seu amor incontrolável pela Noiva o faz perder o juízo e a cabeça e o coloca em caçada. Sua jornada acaba se entrecruzando com Flag, que tem a voz de Frank Grillo e os dois tentam unir forças pelo bem comum. 

Outra adição nesta narrativa é o vilão Cara de Barro, que também já tem seu filme a caminho com o roteiro assinado pelo mestre do terror: Mike Flanagan. O Cara de Barro entra na história apenas para dar sustento à ação vilanesca da Rainha de Pokolistão, que, seja, talvez a verdadeira vilã. Por mais que a personagem Circe seja uma grande querida do público fã das HQs, não é ela quem rouba a cena em toda esta primeira temporada. O vilão não é o vilão e quem a gente acreditava ser a mocinha, é quem comete o maior ato de crueldade. Ironicamente é a chegada de Cara de Barro em um dos episódios que provoca a reviravolta e o desfecho do último ato desta primeira temporada. E isso não pode ter sido apenas um acaso do roteiro. 

Por fim, a chegada deste novo DC que bebe direto das fontes originárias, das clássicas páginas de quadrinhos pode nos conquistar. Há muito que se explorar aqui e a segunda temporada de Comando das Criaturas está a caminho. O filme solo do Cara de Barro, provavelmente poderá encontrar fio condutor no que vimos nesta primeira leva de episódios e se isto acontecer, teremos muito que nos alegrar. Em breve, o novo Superman, interpretado por David Corenswet também nos dará novos vislumbres do que a DC está preparando para nós.




Por Dione Afonso   |   Jornalista

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