31 Oct
31Oct

 

“Por que o professor Quirrel não podia me tocar? – perguntou Harry a Dumbledore.

Sua mãe morreu para salvar você. Se existe uma coisa que Voldemort não consegue compreender é o amor. Ele não entende que um amor forte como o de sua mãe por você deixa uma marca própria. Não é uma cicatriz, não é um sinal visível... ter sido amado tão profundamente, mesmo que a pessoa que nos amou já tenha morrido, nos confere uma proteção eterna. Está entranhada em nossa pele. Por isso Quirrell, cheio de ódio, avareza e ambição, compartindo a alma com Voldemort, não podia tocá-lo. Era uma agonia tocar uma pessoa marcada por algo tão bom.”. 

[ROWLING, Harry Potter e a Pedra Filosofal, 2000, p. 201]

 

 

O Potter Day – Dia de Harry Potter – marca o dia em que o Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado invade a cidade de Godric’s Hollow, entra na casa da família Potter e assassina os pais do pequeno Harry. Ao voltar-se para o menino, a Maldição Imperdoável das Trevas é ricocheteada e o menino sobrevive ileso, sendo marcada apenas com uma cicatriz permanente sobre a testa. O Lord das Trevas desaparece. Ninguém sabe o que houve naquele dia, naquele quarto.

Harry Tiago Potter tornou-se o primeiro da comunidade bruxa a sobreviver de uma Maldição Imperdoável. A Avada Kedavra é magia mortal. E proibida, por ser das trevas e causar danos irreversíveis. Ninguém pode escapar dela. Ninguém consegue sobreviver ou se proteger de uma Maldição Imperdoável. Ninguém, menos o Harry. O que o salvou? O que fez Harry sobreviver naquela noite?

O Dia de Harry Potter, comumente coincidindo com o Dia de Halloween é uma celebração ao amor, às coisas boas, aos gestos simples de bondade e de generosidade. É o dia de celebrar que o amor vence, sim, qualquer guerra, qualquer sentimento de ódio. O amor cura. O Dia de Harry Potter está ai para nos recordar que é só o amor que cicatriza as cicatrizes de nossas vida e de nossa história.


31 de outubro de 1981, “ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte”

Lílian e Tiago Potter, viviam com o pequeno Harry na acolhedora Godric’s Hollow, comunidade Bruxa que recebe o mesmo nome do Fundador da Grifinória: Godric Griffyndor. Eles viviam em segurança até explodir a Primeira Grande Guerra Bruxa. Um Senhor poderoso e das Trevas ameaçava toda a comunidade não só dos bruxos mas também dos Trouxas, os não-bruxos. Temos referências dessa Guerra e da Ordem da Fênix, um time de Aurores reunidos por Alvo Dumbledore com o propósito de destruir o Lorde das Trevas.

Ouvimos dizer que quem se opunha o seu caminho não sobreviveria. Se ele o destinasse à morte, você não escaparia. O desejo do Lord das Trevas era de “purificar sua raça”, a raça dos Bruxos, os chamados “sangue-puro”, os que têm magia. Somente a esses o mundo deveria pertencer. O Lord das Trevas também buscava não só o poder absoluto, mas também a imortalidade. Um poder que faria dele invencível e senhor de tudo e de todos para sempre.

No entanto, o seu mal foi tão grandioso, arquitetado com tanto poder e regalias que desprezava a magia mais simples e pequena: o amor. Porém, uma magia que guarda o maior poder que pudesse imaginar.


Entre Luz e Trevas o que salva é a luz do amor

Entre as diversas filosofias contidas em toda a saga Harry Potter, uma das que gostamos muito de recordar é a que nos ajuda a entender de onde vem a luz, o amor, a bondade e onde moram as trevas, o ódio, a sede de poder, a maldade. Quando lemos Harry Potter e o Prisioneiro de Askaban ou assistimos a adaptação cinematográfica, aprendemos uma coisa importante sobre os Dementadores: eles são serem sem luz, um não-humano, um morto-vivo, um ser que se alimenta da esperança e tira de nós toda e qualquer vontade de viver. Para nos defender dessas criaturas frias, a magia que precisamos aprender chama-se Expecto Patronum, que nos permite produzir um Patrono no formato de um facho de luz que os afasta de nós. Um Patrono só é possível produzir recriando em nossa mente uma lembrança feliz. Uma lembrança feliz nos enche de luz e renova em nós a esperança.

Os seguidores do Lord das Trevas são os Comensais da Morte. No decorrer da saga descobrimos que os Comensais da Morte não conseguem executar o feitiço do Patrono, pois eles só respiram ódio e morte e não são capazes de reproduzir na mente uma lembrança feliz e cheia de luz.

Ou seja, entre luz e trevas, o amor mais uma vez nos revela que uma pequena lembrança desse sentimento afasta de nós toda tristeza, todo mal, toda falta de esperança e nos concede a alegria de viver de novo, de tentar de novo. O único Comensal da Morte que foi capaz (até então) de produzir um Patrono foi Severo Snape que, ao ser personagem de um perfeito plot twist no desfecho da história, ele foi o único capaz de amar, e Severo sempre amou Lilian, desde a primeira vez que a viu. O amor também o salvou. E salvou Harry. E nos salvou.


E o nome dele é Lord Voldemort, você pode chama-lo assim

Lord Voldemor esteve tão concentrado em executar o plano das horcruxes de se fazer imortal e invencível que ele nunca seria capaz de compreender o que uma pequena magia, simples e poderosa seria capaz de fazer. A magia maligna das Horcruxes consiste em dividir a alma e aprisiona-la em um objeto escolhido pela própria pessoa. Voldemort desejou isso com todas as suas forças. Para dividir a alma, ele precisaria matar, matar viola a alma, matar é desumano e imperdoável. Matar divide a alma, porque a fere.

E Voldemort conseguiu. Ele violou tudo o que tinha, até mesmo ele próprio. O que aconteceu naquele 31 de outubro. Quando Voldemort decide matar Harry (era o garoto, os pais nunca estiveram em seus planos de morte), os pais tentam defender o pequeno. A mãe de Harry se põe entre o filho e Voldemort, e lança sobre o garoto uma magia tão poderosa que só o amor de uma mãe era capaz de protege-lo. Um amor sacrifical. Um amor que nos eleva às últimas consequências. Lilian morreu para salvar o próprio filho, amando-o até seu último suspiro. Foi por isso que o feitiço ricocheteou e voltou para Voldemort fazendo-o enfraquecer a ponto de se esconder, e retornar 20 anos depois.

Harry Potter é sobre amor. Essa é a magia mais poderosa que existe em todo o mundo. E se nós, homens e mulheres somos capazes de amar, amar até o último suspiro de nossas vidas, amar a ponto de proteger alguém, nós somos bruxos muito poderosos. Bruxos que não precisam de vassouras, de varinhas mágicas, de animais fantásticos para nos confirmar como tal. Somos poderosos. Tudo, se formos capazes de amar.



“Depois de todo esse tempo? – Sempre...”

(ROWLING. Harry Potter e as Relíquias da Morte, 2007, p. 462)


 

 

Por Dione Afonso

Jornalismo PUC-Minas

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