14 Dec
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Muitos são os ensinamentos que a saga Harry Potter nos transmite, entre décadas, desde sua primeira página até as últimas cenas das adaptações no cinema e no teatro. Um desses valores que a história nos ensina é que ser bruxo não nos torna melhor ou mais especial que nenhum outro ser humano. As segregações denominadas como "trouxas" - e "no-maj" para os norte-americanos, - sangue-puros, mestiços, servem apenas para carimbar mais uma luta por classes na qual supervaloriza um e escraviza o outro. A grande narrativa que ordena toda essa trama é a de que um bruxo das artes das trevas acredita na purificação das raças, desprezando, a ponto de praticar a extinção, todo ser vivo que não seja dotado de magia. Os humanos. Os que, preconceituosamente, denominaram "sangue-ruim". 

Em Harry Potter e a Câmara Secreta, quando a pequena Hermione Granger é chamada de sangue-ruim pelo bruxo Draco Malfoy, Rony Weasley, descendente de uma família desprezível aos olhos dos ditos "sangue-puro", disse que "é praticamente a coisa mais ofensiva que ele podia dizer. Sangue-ruim é o pior nome para alguém que nasceu trouxa, ou seja, alguém que não tem pais bruxos. Existem uns bruxos como os da família dos Malfoy, que se acham melhores do que todo mundo porque têm os que as pessoas chamam de sangue puro. Nós sabemos que isso nao faz a menor diferença" (p. 71).

A criadora, escritora britânica J. K. Rowling, 56, traça toda a história ancorada no maior dos ensinamentos-base de toda religião e que a maioria das instituições sociais  tentam se preservar: o amor. E, quando o amor está na base, toda e qualquer tipo de divisão, exploração, espírito de corrupção não cabe. A personificação da maldade retratada nessas histórias fictícias vão revelando como que o desejo de fazer o mal perverte a alma e corrompe o amor, expulsando-o do centro, sendo ocupado por qualquer outra força das trevas, disposta a toda maldade em busca de poder.

É por isso, que, ao assistir ao primeiro trailer da nova franquia derivada de Harry Potter, "Animais Fantásticos", assistimos, de bom grado, um personagem não-bruxo, ganhando uma varinha, aparatando para o interior do Castelo de Hogwarts e manipulando magia. Jacob Kowalsky, interpretado pelo ator Dan  Fogler, tornou-se um grande ícone para os potterheads desde o primeiro filme da franquia, sobretudo, ao se apaixonar por uma bruxa delicada e muito mais humana que qualquer outro humano. Queenie Goldstein (Alison Sudol), é uma legilimente muito poderosa e empática que, ao ser corrompida pelo mal, deixou-se ludibriar pelos desejos das trevas liderados por Gellert Grindelwald. No terceiro filme da franquia, Animais Fantásticos e os Segredos de Dumbledore (2022) percebemos pelo primeiro trailer que um humano, um "sem magia" não vai medir esforços para recuperar o amor de sua vida e trazê-la de volta para o lado do bem.

Como que um "no-maj" pode frequentar Hogwarts, portanto uma varinha, manipulando magia, conjurando feitiços e atravessando portais ao lado de bruxos poderosos? É simples. Ele ama. Ele, tem amor em sua alma e o amor é a mais poderosa magia que alguém pode ter. Bruxos ou não, todos são capazes de amar e através dessa grande fonte de poder, curar feridas, restabelecer a ordem, afastar o mal e vencer batalhas, pois o amor salva. Aguardemos, ansiosos, a aventura de Jacob viverá em Animais Fantásticos e os Segredos de Dumbledore, e que ele, com todo o seu poder e magia, recupere o amor do coração de Queenie.


Assista ao trailer: "O professor Alvo Dumbledore (Jude Law) sabe que o poderoso mago das trevas Gellert Grindelwald (Mads Mikkelsen) está se movimentando para assumir o controle do mundo mágico. Incapaz de detê-lo sozinho, ele pede ao magizoologista Newt Scamander (Eddie Redmayne) para liderar uma intrépida equipe de bruxos, bruxas e um corajoso padeiro trouxa em uma missão perigosa, em que eles encontram velhos e novos animais fantásticos e entram em conflito com a crescente legião de seguidores de Grindelwald. Mas com tantas ameaças, quanto tempo poderá Dumbledore permanecer à margem do embate?"




Por Dione Afonso  |  PUC Minas

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