#CONTOSDEDOMINGOS: Rolando Boldrin, "um luto anônimo"

"Corre um boato aqui donde eu moro / Que as mágoas que eu choro / são mal ponteadas. / Que no capim mascado do meu boi / A baba sempre foi santa e purificada. / Diz que eu rumino desde menininho / Fraco e mirradinho / a ração da estrada. / Vou mastigando o mundo e ruminando. / É que a viola fala alto no meu peito humano". ("Vide, Vida Marvada", 1981 de Rolando Boldrin. Álbum: "Caipira").

Sou compositor, não tem como não me emocionar,

Sou cantador, não tem como, neste momento, feliz ficar.

Perdi um ícone sem mídia, mas é meu inspirador.

Sou contador de causos, e, hoje não há causos pra contar,

Não sou apresentador, mas vos apresento o meu inspirador 

Que, com 86 anos nos deixou: Rolando Boldrin era completo.

Ele apresentou ao Brasil ritmos musicais variados, artistas completos e complexos por ele ficaram conhecidos. Ele era poeta, em suas composições colocava versos e histórias. coisa raríssima! E ele fazia com maestria. Caipira dos mais caipiras, amigo e irmão. Ao assistir seus programas ele se fazia alguém próximo como se fosse da família, trazia cultura em sua melhor forma; na arte de cantar, recitar, conversar, prosear... 

A viola falou alto em seu peito humano que agora foi pra eternidade. Logo hoje que já havíamos nos despedido de Gal Costa, uma das maiores intérpretes da nossa música. Cantora que marcou uma era e deixou um legado enorme na cultura nacional. 

Rolando Boldrin nos deixa órfãos de um artista completo que nunca se propôs a simplesmente fazer sucesso, mas, de ajudar a cultura nacional se mostrar aos brasileiros, por seu trabalho e esforço, em manter de pé grandes e importantes trabalhos como o programa da TV Cultura "Sr. Brasil", que por 17 anos deu voz a artistas de todas as regiões do país. No cenário, imagens e trabalhos de artesãos mostravam quão rico em diversidade é o Brasil.

Hoje não tem como rimar.

Hoje não tem como compor uma melodia alegre.

Hoje não tem como contar sequer um causo, a não ser o causo de um homem que era artista perfeito, seu sobrenome era talento. Nossa cultura viva fica mais pobre com as perdas de hoje. O legado de Rolando Boldrin e Gal Costa são formidáveis e ajudarão a saciar os famintos de boa música, enfim os famintos da nossa cultura nacional na sua mais perfeita forma.

"Tem um ditado tido como certo / Que cavalo esperto não espanta a boiada / E quem refuga o mundo resmungando / Passará berrando essa vida marvada".

"Eu vim-me embora e na hora cantou um passarinho,  por que eu vim  sozinho, / Eu, a viola e Deus".

(Rolando Boldrin)

Por Mínison Domingos  |  Conselheiro Pena-MG. 

09 de novembro de 2022  

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